Para quem investe, é fundamental entender a relevância do cenário econômico e como a taxa de juros pode afetar diretamente a estrutura dos investimentos. A taxa de juros também é amplamente utilizada no mercado de crédito, portanto é importante estar atento às suas variações.
Compreender como a taxa de juros influencia a rentabilidade da maioria dos investimentos disponíveis no mercado é crucial para obter melhores resultados nas aplicações financeiras. Por isso, ao falar sobre a taxa de juros, geralmente se menciona a Taxa Selic.
Como os juros surgiram na história
De acordo com alguns historiadores, os primeiros sinais de juros surgiram na Babilônia em 2.000 a.C. Nessa época, não havia dinheiro em espécie como hoje em dia, então os pagamentos eram feitos com sementes e outros produtos. Os juros eram pagos em sementes e bens materiais que existiam naquele período.
Com a descoberta do metal, as primeiras moedas surgiram em Lídia (atual Turquia) no século VII a.C. Com essa invenção, surgiu a necessidade de criar os primeiros bancos para cuidar do dinheiro dos clientes, oferecer empréstimos e estabelecer as primeiras taxas de juros.
As instituições financeiras são as principais responsáveis por definir diferentes taxas de juros como uma maneira de emprestar crédito ao consumidor e lucrar com os valores pagos a mais.
O que é taxa de juros?
A taxa de juros é um índice utilizado em produtos financeiros, especialmente no mercado de crédito, para remunerar o dinheiro ao longo do tempo. Além de remunerar empréstimos e financiamentos, a taxa de juros também é utilizada para remunerar investimentos de renda fixa.
O conceito de taxa de juros é amplamente utilizado em todo o mundo, tanto como forma de pagamento pelo empréstimo de uma quantia quanto como forma de incentivar ou reprimir a demanda de uma economia pelos governos.
As taxas de juros e o mercado de crédito podem variar bastante entre países e regiões. Em países desenvolvidos, as taxas de juros costumam ser menores, devido ao menor risco de inadimplência e à oferta mais extensa de crédito. Já em países emergentes, como o Brasil, as taxas de juros costumam ser mais altas, devido ao maior risco de crédito e à oferta menor de crédito.
O alto custo do mercado de crédito pode impactar tanto o consumo da população quanto os investimentos das empresas. Em caso de taxas de juros elevadas, as empresas têm menos incentivos para tomar empréstimos e realizar novos investimentos, especialmente os produtivos.
Dessa forma, a taxa de juros pode afetar o ritmo de desenvolvimento da economia, pois em caso de taxas elevadas, além de arrefecer a demanda da população, pode impedir o aumento dos investimentos e, consequentemente, o avanço da economia local.
Como funcionam as taxas de juros?
As taxas de juros representam a compensação pelo uso do dinheiro ao longo do tempo. Isso significa que, quando alguém empresta uma certa quantia de dinheiro a outra pessoa ou empresa, essa primeira pessoa recebe uma compensação por conceder o direito de usar esse dinheiro por um período determinado.
Além disso, as taxas de juros desempenham um papel fundamental na economia e podem ter um impacto significativo quando sofrem mudanças abruptas. Portanto, é crucial entender tanto o cenário de aumento quanto o cenário de queda das taxas de juros.
Cenário de alta da taxa de juros
Em um contexto de aumento da Taxa Selic, é provável que todas as outras taxas do mercado também subam. Isso pode levar a uma situação de crédito mais restritiva para empresas e famílias no Brasil.
Ao mesmo tempo, as aplicações de renda fixa se tornam mais atraentes nesse cenário. Isso ocorre porque os rendimentos dessas aplicações aumentam com a alta dos juros.
Como resultado, há uma tendência de redução do consumo tanto por parte das famílias quanto das empresas. Isso acontece porque o “custo do dinheiro” fica mais elevado do que o normal, o que torna o capital menos disponível no mercado.
Com as famílias consumindo menos e as empresas produzindo abaixo do esperado, há uma diminuição da empregabilidade da população, o que leva a uma queda na renda das famílias e a um consumo ainda menor.
Isso cria um efeito cascata que resulta na diminuição do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No entanto, é importante notar que em um ambiente de menor demanda, como o descrito acima, é comum que haja um controle da inflação. Portanto, uma elevação da taxa de juros, tanto interna quanto externa, pode ser praticada como uma forma de manter a inflação sob controle.
Cenário de baixa da taxa de juros
Num cenário onde a Taxa Selic é reduzida, todas as outras taxas do mercado tendem a diminuir também, o que resulta em crédito mais barato e acessível para empresas e famílias brasileiras. Isso tende a incentivar o consumo e a produção, uma vez que os rendimentos de aplicações financeiras se tornam menos atraentes.
Essa redução pode incentivar o consumo e a produção das empresas, já que os rendimentos das aplicações financeiras tendem a ser menos atrativos. Com mais famílias consumindo e empresas produzindo, há um aumento na empregabilidade e na renda das famílias, o que pode gerar ainda mais consumo.
Essa dinâmica pode gerar um efeito bola de neve positivo, impulsionando o crescimento econômico e o aumento do PIB. No entanto, se a produtividade não acompanhar o aumento da demanda do consumo, pode ocorrer um surto inflacionário, uma vez que a oferta diminui à medida que a procura se torna mais representativa.
Quais os principais tipos de juros?
É difícil encontrar alguém que não saiba o que são juros, já que essa taxa está presente em diversas situações do nosso dia a dia. Geralmente, pensamos em juros de forma negativa quando se trata de empréstimos ou cartões de crédito. No entanto, existem diferentes tipos de juros que podem ser benéficos para a nossa vida financeira.
Aqui estão as principais categorias de juros existentes no mercado.
Juros Compostos
Começando com os juros compostos, que são as taxas de juros mais promissoras para os investidores. Ao trabalhar com estratégias de investimento, os investidores geralmente consideram os resultados financeiros gerados pelos juros compostos.
As taxas de juros compostos crescem muito mais rapidamente do que as taxas de juros simples. Hoje em dia, muitos bancos possuem carteiras de investimentos que permitem investir dinheiro para gerar mais receita, fazendo com que os juros compostos trabalhem para o investidor, aumentando a rentabilidade de seus investimentos.
Por outro lado, os juros compostos também atuam em dívidas, como em faturas de cartões de crédito. Quando uma conta não é paga, os juros compostos aumentam consideravelmente no mês seguinte, tornando a dívida ainda maior.
Apesar de também serem vistos em dívidas, os juros compostos são benéficos para investidores, já que eles ajudam a remunerar diversos ativos e produtos financeiros e aumentar o patrimônio de maneira significativa.
O que se pode entender sobre as taxas de juros é que:
- Elas são pagas ao credor sempre na data de vencimento;
- Elas aumentam com o tempo em termos reais e nominais, e se a taxa for maior que a inflação;
- Quando incorporadas ao capital, elas formam uma curva de crescimento (por exemplo: 1500, 1600, 1750, etc.);
- Geralmente, elas ocorrem nos prazos de juros dos credores;
- Quando pagas, elas não se somam ao valor do capital inicial, ou seja, não há ganho se houver algum tipo de pagamento ao credor neste período.
Taxa de juros nominais
Se você já pegou empréstimos pessoais de instituições financeiras, provavelmente já se deparou com as taxas de juros nominais. Essas taxas aparecem nos contratos de empréstimos, financiamentos e investimentos, e representam a porcentagem de rentabilidade obtida através de um investimento ou de juros pagos em uma dívida durante um determinado período.
No entanto, as taxas de juros nominais geralmente não levam em consideração a inflação, o que significa que elas não refletem a verdadeira rentabilidade de um investimento.
Muitas vezes, surgem dúvidas sobre a diferença entre a taxa de juros real e a nominal. A taxa de juros real está diretamente ligada ao pagamento de juros acima da inflação. Por exemplo, em um investimento com uma taxa de juros nominais de 5%, se a inflação do período for de 3%, a taxa de juros real será de apenas 2%.
As taxas de juros nominais estão relacionadas ao rendimento bruto de um investimento durante um período de aplicação, e por isso são frequentemente encontradas em contratos de financiamento, empréstimos e investimentos.
Juros de mora
Quem já perdeu o prazo de pagamento de uma conta e a pagou em atraso, deve ter notado que na próxima conta, além do valor da dívida, também foi adicionada uma taxa de juros de mora. Essa categoria de juros “pune” o consumidor pelo atraso no pagamento de suas dívidas.
Os juros de mora, também conhecidos como juros moratórios, ocorrem quando um consumidor paga uma conta em atraso, fazendo com que o credor cobre uma taxa adicional que compense o atraso no pagamento.
Na prática, esse valor é cobrado como uma taxa sobre o valor em aberto e aumenta com o passar do tempo até que seja quitado. Ou seja, quanto mais tempo uma conta ficar em atraso e sem ser paga até a data de vencimento, maior será a incidência dessa taxa de juros.
Existem diversas situações em que os juros de mora podem ser cobrados. As mais comuns incluem:
- Dívidas em aberto e não pagas em cartões de crédito;
- Atrasos no pagamento de contas de luz, água e telefone;
- Boletos de universidades e escolas particulares;
- Aluguel de imóveis.
Juros rotativo do cartão de crédito
O cartão de crédito é um meio de pagamento bastante popular e utilizado pelos brasileiros. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), houve um aumento de 33,1% nas transações via cartões em 2021, que atingiram a marca de R$ 2,65 trilhões.
Se você já teve uma fatura de cartão de crédito que não pôde pagar integralmente em um mês, provavelmente já se deparou com a opção de pagar o valor mínimo da fatura e entrar no crédito rotativo, também conhecido como juros rotativos.
O crédito rotativo é oferecido quando o consumidor paga um valor menor que o total da fatura, mas maior que o pagamento mínimo. A diferença entre o valor total e o valor pago até a data de vencimento é transformada em um empréstimo, e a taxa de juros é cobrada no próximo mês.
Juros simples
A taxa de juros simples é aquela que incide sobre o valor inicial acordado em um contrato. Normalmente, essa modalidade de juros é vista em empréstimos pessoais. Por exemplo: se você contratar um empréstimo de R$ 2.000 com uma taxa de juros simples de 2% ao mês, esse percentual será aplicado apenas sobre o valor inicial, sem qualquer correção ao longo do prazo.
No entanto, atualmente, as instituições financeiras criaram outras categorias de juros para financiamentos, empréstimos e impostos, fazendo com que o juro simples deixasse de ser muito utilizado.
Juros reais
A taxa de juros real corresponde ao retorno líquido obtido após a correção da inflação, ou seja, é o quanto o dinheiro rende considerando a perda de valor do dinheiro ao longo do tempo. Por exemplo, um produto que custava R$ 100 há quatro anos, hoje não custará o mesmo valor.
Ao considerar a taxa de juros real, é possível entender o quanto será cobrado pela concessão de empréstimos ou créditos, além de indicar a rentabilidade de um investimento. Essa é uma informação importante tanto para empresas quanto para negócios. Atualmente, a taxa de juros real é um dado relevante para o planejamento financeiro, visto que é preciso levar em conta a inflação ao decidir onde investir ou emprestar dinheiro.
Como são definidas as taxas de juros no Brasil
No Brasil, as taxas de juros dos bancos possuem regras diversas para serem estabelecidas. Algumas taxas, como a do empréstimo consignado, têm um limite máximo estipulado, enquanto outras, como a do cheque especial, também têm um limite para evitar taxas abusivas.
Essas taxas podem variar por diversos motivos, sendo um deles a situação econômica do país. Quando a economia está em crescimento, por exemplo, é comum haver maior demanda por crédito e, consequentemente, os bancos aumentam as taxas de juros para se beneficiarem dessa conjuntura favorável.
No entanto, um dos principais fatores que influenciam as taxas de juros no mercado brasileiro é a taxa básica de juros, conhecida como Selic. Essa taxa serve como referência para o mercado de crédito brasileiro.
Dessa forma, quando a Selic aumenta, é comum que as taxas de juros praticadas pelo mercado privado também aumentem. Já quando a Selic é reduzida, os bancos tendem a diminuir suas taxas para se tornarem mais competitivos no mercado.
Taxa Selic
A taxa básica de juros da economia brasileira é a taxa Selic, que tem sua meta definida pelo Copom, um conselho ligado ao Banco Central do Brasil. O objetivo principal das reuniões periódicas do Copom é definir a meta da taxa Selic, visando controlar a inflação e estimular a geração de empregos.
Quando a demanda está alta e a inflação apresenta tendência de aumento, o Copom costuma elevar a taxa Selic. Por outro lado, quando a inflação está sob controle e a economia desacelera, é comum reduzir a taxa Selic para estimular a demanda e, assim, aumentar a atividade econômica e a criação de empregos. É importante lembrar que a curva de juros também é levada em consideração para essas decisões.
Quais são as principais taxas de juros dos investimentos?
No Brasil, as taxas de juros utilizadas em diferentes investimentos podem variar. Por isso, é fundamental compreender o funcionamento de cada modalidade e como elas se aplicam em cada tipo de investimento.
Juros prefixados
Juros prefixados são empregados em muitos investimentos de renda fixa. Entre os principais ativos que usam esse tipo de remuneração estão os títulos do Tesouro prefixados, Certificados de Depósito Bancário (CDBs), CRI, CRA, entre outros.
Nessa modalidade, o investidor concorda com uma taxa de retorno para um determinado período e essa taxa não muda. Dessa forma, o investidor sabe exatamente o valor que receberá ao final do período de investimento.
Alguns produtos, como títulos do Tesouro prefixados, podem ser vendidos antes do vencimento. No entanto, no caso de uma venda antecipada, o valor a ser recebido dependerá da oferta e da demanda do mercado em relação ao título em questão.
Juros Pós-fixados
No caso de taxas de juros pós-fixadas, o lucro do investimento dependerá da flutuação das taxas de juros ou da inflação. Se um investidor investe em uma LCI que rende 100% do CDI, o retorno desse investimento variará de acordo com as oscilações do CDI.
Esse tipo de remuneração pós-fixada é comum em LCI e LCA, bem como em títulos do Tesouro Nacional, como Tesouro Selic e Tesouro IPCA, que dependem das variações dessas duas taxas.
Portanto, nesse tipo de remuneração, o retorno do investimento pode ser negativo, especialmente em casos de deflação, que tende a reduzir o valor nominal do Tesouro IPCA.
Juros Híbridos
A taxa de juros híbrida combina juros pré-fixados e pós-fixados. Investimentos com essa remuneração geralmente possuem um valor fixo adicionado a um valor variável.
Por exemplo, é possível encontrar no mercado títulos de renda fixa que oferecem uma remuneração de 1% + CDI. Da mesma forma, existem títulos do Tesouro Direto que combinam uma taxa fixa com uma taxa variável, como o CDI ou IPCA.
Títulos com remuneração híbrida são interessantes para investidores que desejam se proteger contra um índice, como a inflação, e ainda obter algum lucro. Por isso, essa é uma modalidade muito comum no mercado.
Conclusão
Conclui-se que a taxa de juros é um dos principais fatores que influenciam o mercado financeiro e a economia como um todo. As taxas podem ser fixas ou variáveis, pré-fixadas ou pós-fixadas, e podem ser usadas para estimular o crescimento ou controlar a inflação.
Investidores e empresas devem estar atentos às mudanças nas taxas de juros para tomar decisões estratégicas em relação aos seus investimentos e financiamentos. Além disso, é importante entender que a taxa de juros não é um indicador isolado e deve ser analisada em conjunto com outros fatores econômicos, como a inflação, o crescimento do PIB e as políticas governamentais.