Para aqueles que buscam investimentos com menor risco, o Tesouro Direto é uma das alternativas mais populares. Além de serem vistos como investimentos seguros, os títulos públicos permitem aplicações com valores reduzidos, o que torna essa modalidade mais acessível a diferentes perfis de investidores.
Mas afinal, o que é o Tesouro Direto? Quais são os tipos de títulos disponíveis? E como investir nessa modalidade?
As respostas para essas e outras perguntas sobre o funcionamento do Tesouro Direto serão abordadas a seguir:
O que é o Tesouro Direto?
Criado em 2002, o Tesouro Direto foi estabelecido pelo governo federal com o objetivo de arrecadar fundos para financiar as dívidas públicas.
Sob a administração do Tesouro Nacional, o Tesouro Direto funciona como uma forma de empréstimo pessoal, em que indivíduos físicos ou jurídicos emprestam dinheiro ao governo e recebem rendimentos futuros em troca.
Nesses últimos anos, o investimento em títulos públicos tem se popularizado entre a população, principalmente devido à sua facilidade de aplicação e baixo risco de crédito.
Na prática, o investidor adquire um título público por um determinado preço e, posteriormente, recebe o valor investido acrescido de juros.
Ao emitir um título de crédito, o Tesouro Direto estabelece o valor de cada unidade, a taxa de remuneração e a data de vencimento.
Atualmente, há opções de investimento a partir de R$30, que oferecem uma valorização anual de 11% e com pagamento previsto para 2024.
Tipos de título do Tesouro Direto?
Os títulos do Tesouro Direto são classificados como renda fixa, garantindo um retorno superior ao valor investido quando resgatados na data do vencimento.
Existem quatro tipos de títulos que devem ser conhecidos para entender como investir no Tesouro Direto:
Tesouro Selic (LFT)
Títulos pós-fixados, cujo rendimento está diretamente ligado à taxa básica de juros, tendo variação ao longo do tempo. Por exemplo: Selic + 0,5% ao ano.
Tesouro Prefixado (LTN)
Títulos prefixados com uma taxa de juros fixa, definida no momento da aplicação, permitindo que o investidor saiba quanto receberá no vencimento. Por exemplo: 10% ao ano.
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)
Títulos prefixados com juros semestrais, ou Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), com rentabilidade conhecida na compra (por isso, prefixados), que também pagam juros periódicos por meio de cupons semestrais.
Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)
Títulos híbridos (IPCA +) corrigidos pela inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, com uma porcentagem adicional para garantir uma remuneração acima da taxa inflacionária. Por exemplo: IPCA + 5% ao ano.
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)
Títulos IPCA + com juros semestrais (NTN-B) são títulos híbridos corrigidos pela inflação, com uma porcentagem adicional para garantir uma remuneração acima da taxa inflacionária, pagando juros periódicos por meio de cupons semestrais.
Essas são as opções disponíveis para quem deseja investir no Tesouro Direto.
Como o Tesouro Direto funciona?
Investimento mínimo
O investimento mínimo é uma informação importante para quem quer saber como investir no Tesouro Direto. Na prática, ao investir no Tesouro Direto, o investidor está emprestando dinheiro para o governo federal e, em troca, recebe uma remuneração corrigida após determinado prazo.
No Tesouro Direto, o preço de cada título é o valor de negociação, e a rentabilidade do título é a taxa de juros que o governo paga ao investidor pelo empréstimo. Por essa razão, a quantidade mínima de investimento é de 0,01 fração de cada título emitido pelo governo, ou seja, 1% do valor do título.
Isso significa que o valor mínimo de investimento é de R$ 30, tornando essa opção acessível para muitos brasileiros. Se alguém deseja adquirir títulos de valor elevado, como R$ 5 mil, é possível comprá-los em lotes ou frações, ou ainda adquirir cada título por um valor de R$ 50.
Taxas
As taxas são aplicáveis ao Tesouro Direto? De acordo com a legislação, os títulos públicos podem sofrer três tipos de taxas, que variam de acordo com o tempo e o valor investido. A primeira taxa, denominada taxa de custódia, é de 0,2% ao ano e é aplicada sobre os ganhos que excedem R$ 10 mil. É cobrada pela B3, semestralmente, para cobrir os custos operacionais da bolsa.
A segunda taxa é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre resgates realizados em até um mês após a aplicação. Essa taxa segue uma tabela regressiva que tributa entre 96% e 3% dos rendimentos em 30 dias. Após esse período, os lucros estão isentos de IOF. Além disso, independentemente do valor investido, há cobrança de Imposto de Renda diretamente na fonte sobre os proventos, com alíquota regressiva que varia de 22,5% a 15%, conforme tabela abaixo:
Tempo Investido | Alíquota |
---|---|
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 dias a 360 dias | 20% |
De 361 dias a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Rentabilidade
Se um investidor decidir resgatar seus títulos prefixados ou híbridos antes do prazo estipulado, pode sofrer prejuízos devido à flutuação diária no preço desses papéis. Diversos fatores influenciam essa oscilação, sendo um dos principais o preço dos contratos de juros futuros negociados na B3. Esses contratos refletem a expectativa de juros para a data de vencimento do contrato, o que é conhecido como marcação a mercado.
Em resumo, se os investidores da bolsa acreditam que a taxa Selic irá aumentar em 8% nos próximos dois anos, por exemplo, um título do Tesouro que foi negociado prevendo um juro fixo de 6% também em dois anos, acaba perdendo valor e se tornando menos interessante. Isso porque o retorno previsto é menor do que o referencial da Selic, o que leva o investidor a receber um valor menor caso precise negociar o título para resgatar o dinheiro antes do prazo.
No caso em que se espera uma queda futura nas taxas de juros, ocorre o inverso, e os preços dos títulos aumentam, permitindo que o investidor possa vendê-los para obter ganhos.
Liquidez
Liquidez se refere à facilidade com que um investidor pode converter seu investimento em dinheiro. No caso dos títulos do Tesouro Direto, os investidores podem resgatá-los a qualquer momento, mas dependendo da característica do título, podem ocorrer perdas financeiras.
A única exceção é o Tesouro Selic, que, por seguir diariamente a taxa de juros básica, não implica em perdas caso seja resgatado antes do prazo.
Os títulos públicos somente entregam o retorno prometido integralmente no momento do vencimento. No entanto, se o investidor quiser resgatar antes do prazo, ele receberá o dinheiro um dia após a solicitação.
Custos
Os títulos do Tesouro Direto possuem uma taxa de custódia que é cobrada pela B3, que é a responsável por manter a guarda dos títulos e disponibilizar as informações sobre as movimentações de saldo para o setor.
Essa taxa é de 0,25% ao ano sobre o valor investido e é cobrada a cada seis meses.
No entanto, essa taxa não é cobrada para investidores que possuem até R$10 mil investidos no Tesouro Selic. Quando o valor excede esse limite, a taxa é cobrada apenas sobre o valor excedente.
Por exemplo, se um investidor tem R$11 mil investidos no Tesouro Selic, ele pagará apenas R$2,50 ao ano, referente aos R$1 mil excedentes.
Além disso, também existem taxas de administração que podem ser cobradas pela instituição financeira responsável pela operação. O percentual é acordado entre as partes, mas muitas corretoras e bancos isentam essa cobrança.
Essa taxa é cobrada antecipadamente no momento da compra do título e depois anualmente. Em alguns casos, há cobranças adicionais, como no resgate antecipado ou no pagamento de juros semestrais, sempre de forma proporcional.
Tributação
Os investimentos em títulos públicos possuem uma estrutura de imposto regressivo, o que significa que quanto mais tempo o investidor mantiver o dinheiro aplicado, menos imposto de renda precisará pagar.
A taxa de imposto que é aplicada a esses investimentos é de 22,5% sobre o lucro obtido em investimentos com duração de até 180 dias.
Essa taxa diminui para 20% em investimentos com duração entre 181 e 360 dias e para 17,5% em investimentos com duração entre 361 dias e 720 dias.
Após esse prazo, o imposto de renda é de 15% sobre o lucro obtido com o investimento e é retido na fonte, ou seja, não é necessário se preocupar em pagar o imposto separadamente.
No caso de resgates feitos em um prazo muito curto, ou seja, em menos de 30 dias, também é cobrado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que é calculado sobre os rendimentos do período.
A diferença é que o IOF só é cobrado nos primeiros 30 dias da aplicação, começando em 96% para resgates realizados um dia após o investimento e diminuindo gradualmente até 0% para resgates no trigésimo dia.
Vencimento e resgate
Quando um título é emitido e colocado à venda no Tesouro Direto, o governo estabelece a data de vencimento do título, que é a data em que o governo irá reembolsar integralmente o valor ao investidor.
No entanto, se o investidor precisar do dinheiro antes do vencimento, ele pode solicitar o resgate do valor. No caso de títulos prefixados ou indexados à inflação, o investidor está sujeito às flutuações do mercado e pode sofrer perdas.
Horário de funcionamento
Os investidores podem comprar e resgatar títulos no Tesouro Direto durante o horário comercial, todos os dias úteis, entre as 9h30 e às 18h, com base nos preços e taxas vigentes no momento da transação.
Nos finais de semana, feriados e das 18h às 5h, as taxas e preços apresentados no site do Tesouro Direto servem apenas como referência, e se o investidor optar por realizar transações nesses períodos, serão considerados os preços e taxas de abertura do mercado no próximo dia útil.
O Tesouro Direto também tem o poder de suspender as negociações por tempo indeterminado caso julgue conveniente devido às condições do mercado. Em outras palavras, se ocorrerem oscilações bruscas nos preços em um curto período de tempo, o Tesouro pode interromper as transações para evitar que os investidores realizem transações com preços desatualizados em relação ao mercado.
Como escolher o melhor título?
O primeiro passo é definir qual é o objetivo do investimento. Essa resposta orientará a escolha do título a ser adquirido. Se o objetivo é ter uma reserva que possa ser sacada sem risco de perda do valor investido, o investidor deve optar pelo Tesouro Selic.
Por outro lado, se o objetivo é atingir metas mais definidas e de longo prazo, como a compra de uma casa, estudos no exterior ou mesmo aposentadoria, existem diversos títulos prefixados ou indexados à inflação que podem ser adequados.
O raciocínio é simples: se o investidor planeja se aposentar em 25 anos, ele pode optar por comprar títulos com vencimento em 2045, por exemplo. No entanto, é importante lembrar que quanto mais longo o prazo, maior é o risco e, portanto, o investidor deve estar ciente da necessidade de manter o título até o seu vencimento.
Como investir no Tesouro Direto
Aprenda como iniciar seus investimentos no Tesouro Direto de forma segura em apenas 4 passos simples:
1. Abra uma conta em uma corretora
Entre em contato com o banco ou corretora em que você já possui uma conta, ou se não tiver, cadastre-se em uma instituição financeira – preferencialmente uma que não cobre taxa de custódia para o Tesouro Direto. Informe que deseja investir no Tesouro Direto e solicite que a corretora faça o seu cadastro junto ao Tesouro Nacional.
2. Complete o cadastro na plataforma do Tesouro Direto
Você receberá um e-mail com uma senha provisória para acessar a área restrita da plataforma do Tesouro Direto. Troque a senha para uma nova.
3. Escolha o título que atenda aos seus objetivos
Há três tipos de títulos públicos disponíveis para venda no Tesouro Direto: prefixados, pós-fixados e indexados à inflação. Compreenda como cada um funciona e escolha o que melhor atende aos seus objetivos financeiros.
4. Faça a ordem de compra e comece a investir
Após escolher o título, defina o valor que deseja investir e transfira a quantia para a instituição financeira. Depois, acesse a plataforma da corretora e faça a ordem de compra.
Pronto! Agora você é um investidor. A partir deste momento, você terá acesso aos extratos a qualquer momento, com informações sobre rendimentos, taxas cobradas, vencimento do título, entre outras.
Lembre-se de incluir o investimento na sua declaração anual de rendimentos na ficha “Rendimento Sujeito à Tributação Exclusiva” no ano seguinte. O imposto só será cobrado em caso de resgate antecipado do título ou no seu vencimento.
Conclusão
Em conclusão, o Tesouro Direto é uma forma acessível e segura de investir em títulos públicos emitidos pelo governo brasileiro. Por meio dessa modalidade, é possível investir com valores a partir de R$ 30,00 e obter rendimentos atrativos com baixo risco, além de contar com a garantia do Tesouro Nacional.
Os títulos do Tesouro Direto apresentam diferentes características, como prazo de vencimento, indexação e forma de remuneração, o que permite que o investidor escolha a opção mais adequada ao seu perfil e objetivos.
Apesar de ser uma opção interessante para quem busca diversificar seus investimentos, é importante ressaltar que todo investimento apresenta riscos e é fundamental entender as características de cada título antes de investir.
Em resumo, o Tesouro Direto é uma opção segura e acessível para investir em títulos públicos emitidos pelo governo brasileiro, sendo uma alternativa interessante para quem busca rendimentos atrativos com baixo risco.